A banda Nx Zero acaba de lançar o disco “Em Comum”, o seu quinto trabalho de estúdio.
Sob a batuta do produtor Rick Bonadio, o quinteto paulistano gravou 12
canções que possuem uma sonoridade mais clean e letras menos densas.
Há, por exemplo, músicas que falam sobre questões cotidianas, família e
momentos que o grupo vivenciou ao longo destes pouco mais de dez anos
de estrada.
No que diz respeito a parte textual, o NX deixa claro que há a
influência de nomes consagrados da música brasileira. A maneira como
algumas letras foram escritas, remete ao trabalho de gente como Nando
Reis, Herbert Vianna, Renato Russo e Chico Buarque.
Em um bate-papo com o Cifra Club News, o guitarrista Gee Rocha falou sobre os processos de concepção do novo álbum.
1- São três anos entre o lançamento de “Sete Chaves” e “Em Comum”. Por que ficamos tanto tempo sem material inédito do NX?
Gee Rocha: lançamos “Sete Chaves”, que foi bem bacana, e só
trabalhamos duas músicas desse disco porque logo em seguida veio o
“Projeto Paralelo”, que é um disco com músicas nossas remontadas por
rappers. Depois desse trabalho, nós fizemos o “NX Zero 10 anos”, que foi
ano passado. Completamos 10 anos e não tínhamos nenhum trabalho ao
vivo! Ficamos esse tempo todo sem música inédita; a cabeça começa a
pensar diferente e como é um tempo de três anos, parece curto, mas é o
suficiente para dar um passo diferente dos outros discos. É isso que
sentimos nesse novo disco: naturalmente começamos a fazer coisas
diferentes dos outros álbuns. A forma de pensar sobre a composição das
músicas.
2 – O que o público pode esperar do NX na turnê de divulgação? Vocês
vão priorizar o disco novo ou mesclarão algumas músicas novas com os
hits consagrados dos discos anteriores?
Gee Rocha: quando for um evento só nosso, nós iremos fazer o show
“Em Comum”, que já está pronto. Vai ter cenário, inclusive. Nós estamos
priorizando fazer um espetáculo, pois queremos evoluir nessa questão.
Quando for feira ou show de prefeitura – desses que a galera espera o
ano inteiro pra curtir a festa da cidade -, não tem como deixar de tocar
as músicas que se tornaram conhecidas nas rádios. E ainda tem o show
“Set List”, que vai rolar durante os dias 20, 21 e 22 de setembro. Vamos
fazer o show que é montado pelos fãs. A pessoa vai até o nosso site e
escolhe o repertório que ela quer que a gente toque.
3 – O Di Ferrero revelou que escreveu a maioria das letras das
músicas “olhando para o mar”. A concepção dos arranjos se deu em que
atmosfera?
Gee Rocha: vou de dar o exemplo de “Maré”, que é a música que
estamos trabalhando. Eu estava passando férias na praia e teve um dia
que eu estava com o violão na mão e acabou que saiu uma bossa nova. A
música nasceu como uma bossa nova, ou uma lembrança de bossa nova porque
eu não sou músico de bossa. Em seguida, levei o material para a banda e
falei que a música era meio bossa nova, mas a partir do momento que
entrasse a banda ela seria NX Zero. E foi exatamente o que aconteceu!
Começamos a abrir o leque de notas, de composições… Muitas das músicas
eu fiz na casa de minha mãe, pois a minha casa tá em reformas. Eu estava
longe de casa, mas sempre com violão na mão. Quando chegava a
madrugada, lá estava eu fazendo música. Tem também o fato de que agora
estamos com 26/27 anos e acaba que surgem mais problemas, e coisas boas
também, e o mundo acaba sendo visto da forma como ele realmente é. Creio
que as músicas foram feitas com base no lance de você pensar mesmo no
que está acontecendo hoje em dia e nas coisas que se passam. Depois de
10 anos de NX Zero, eu pensei em uma nova roupagem para a banda. Creio
que aconteceu isso nesse disco e acredito que a banda toda estava com a
ideia de querer somar, crescer e evoluir.
4 – O disco começa dizendo que hoje é dia de “esquecer e acordar” e
termina dizendo que “nada mais é como era antes”. Esses versos são
indícios de que o NX entende que é hora de conquistar um público menos
adolescente?
Gee Rocha: nosso público é diversificado. Tem o público mais
moleque, tem o público da nossa idade, que cresceu, trabalha, faz
faculdade… Mas nunca procuramos saber qual seria exatamente o nosso
público. E isso (conquistar um público menos adolescente) é algo quem
vem acontecendo. Com a música “Maré”, e com esse novo disco, aconteceu
de várias pessoas, talvez um pouco mais velhas, começarem a gostar de NX
Zero e eu creio que esse disco é um pouco mais voltado pra galera mais
velha. É um disco que será mais facilmente entendido por quem tem a
nossa idade. É um disco mais difícil, mas é a nossa aposta e é o que
estamos vivendo hoje. Mas é muito legal o fato de que a molecada, que
sempre esteve conosco, continua antenada no que estamos fazendo. Eu
tenho visto ótimos comentários sobre esse disco. A galera realmente
gostou e tem um pessoal um pouco mais velho, que antes não curtia, e de
repente está começando a se interessar por nós e isso é bem bacana.
5 – No disco há referências a Cazuza, Zeca Pagodinho e uma clara
influência do som do Foo Fighters. Além destes baluartes, quem mais
serviu de inspiração para a empreitada?
Gee Rocha: Cada um da banda tem uma referência muito pessoal.
Falando por mim, eu tenho escutado muito John Legend e também John
Mayer, que lançou um ótimo disco novo. Tem um ao vivo do John Mayer que
eu vejo no telão e ‘tô amarradão’ nos timbres de guitarra, no lance de
cantar e no feeling! Então eu creio que esse nosso disco novo tem muito
desse lance de buscar a questão do sentimento na hora de preparar os
arranjos, as letras e as gravações. Não é só o lance de tocar na rádio.
Antigamente nós éramos mais inocentes. Hoje em dia eu acredito que
buscamos alternativas para sempre valorizar o som, valorizar uma
história e isso provoca um lance muito legal entre a gente e nos
proporciona um fortalecimento no conceito da banda.
6 – Comercialmente falando, o NX sempre vai muito bem. Diante da
atual situação do mercado fonográfico, qual é a receita para que “Em
Comum” possa manter esta boa relação da banda com o mercado fonográfico?
Gee Rocha: estamos buscando alternativas. Tanto que o iTunes
chegou no Brasil em dezembro do ano passado e disponibilizamos lá a
primeira música, que foi “Em Comum”. Agora o disco está todo lá.
Acredito que ainda demore um pouco para engrenar esse lance de vender
música através da internet, mas a galera já entendeu a importância que
tem para uma banda a questão das vendas de disco. A galera percebeu que
não é simplesmente pela gravadora. Tem relação com o lance de a banda
ter a possibilidade de fazer um trabalho mais bem acabado. Mas não é só a
venda de discos: é preciso fazer bons vídeos, buscar por algo que
ninguém ainda tenha feito e que gere identificação para com o público.
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